Por Psicóloga Milena Puga Araujo
Conversando com algumas pessoas nas redes sociais, que vieram até mim por eu ser psicóloga, pedindo alguma orientação, percebi como tem gente precisando muito de terapia e que não busca.
Algumas pensavam até em se matar, já chegaram até a falar que não sabiam se passavam daquele dia. Eu sempre acolho todas e oriento que procurem por um psicólogo, pois a grande maioria precisa de psicoterapia. Comecei, então, a tentar entender os motivos que faziam com que essas pessoas não procurassem por ajuda e percebi que a grande maioria é por desconhecimento.
Algumas pessoas falaram que não procuravam a psicoterapia porque não tinham dinheiro ou porque acreditavam ser um tratamento muito caro; outras, achavam que era frescura ou besteira. Algumas pessoas pensavam que seriam dopadas ou, simplesmente, tinham vergonha ou medo de contarem sobre seus sentimentos e pensamentos e serem julgadas. O fato é que entendi que muitas pessoas não sabem se precisam de terapia, se um psicólogo poderá ajudá-las, mesmo que estejam em grave sofrimento.
Então, decidi que preciso explicar melhor o que é a terapia, especialmente, a psicoterapia!
E você sabe o que é terapia?
Já começo a explicar que psicólogo não é médico, logo, ele não prescreve medicamentos. Nosso “remédio” é a palavra. Em alguns casos, o remédio, no termo medicamentoso mesmo, pode ser essencial, aí então encaminhamos a um médico psiquiatra. Mas só o remédio não adianta. Hoje em dia, com o nosso imediatismo, queremos que tudo seja resolvido agora e esperamos que um remédio resolva todos os nossos problemas, especialmente, nossas dores, mesmo as emocionais. Mas isso não é possível.
O remédio precisa ser combinado com a terapia para ter efeito. E terapia pode demorar a trazer resultados, porque mudar não é fácil nem rápido.
E para mudar é preciso reconhecer que tem algo a ser mudado, querer mudar, se esforçar, perserverar dia após dia. O psicólogo pode apoiar durante esse processo.
Como funciona a terapia?
O psicólogo não julga e não opina sobre a sua vida. Então, não tem motivos para sentir vergonha e não ter coragem de ir.
A terapia é um local seguro, só seu, onde você pode se abrir e falar o que você quiser, tudo aquilo que você nunca contou para ninguém.
Mas você também precisa encontrar um psicólogo com quem você se sinta bem, confortável, seguro e à vontade para se abrir. Isso pode não acontecer com o primeiro, mas é importante que não desista e procure outro, até encontrar alguém com quem você se “encaixe”, o profissional certo para você.
E também não se cobre, você pode demorar um pouco para conseguir se abrir mais e contar coisas mais difíceis, mas com o tempo você vai se sentindo mais seguro para contar.
Algumas pessoas também falaram que já foram em psicólogos que falaram coisas ruins ou que espalharam coisas sobre ele na cidade. Nem todo terapeuta é psicólogo.
Eu sugiro que busque um psicólogo, registrado no Conselho Regional de Psicologia, de preferência que tenha indicação de alguém, pois há profissionais ruins em todas as profissões. Se não gostou de um, procure outro.
O psicólogo é alguém que vai te escutar, te acompanhar nessa estrada do autoconhecimento e descobertas sobre você mesmo. Ele não vai dizer o que você tem que fazer, mas vai fazer você refletir e chegar às suas próprias conclusões do que deve fazer.
Eu percebi que a terapia ainda é um tabu na nossa sociedade. Muita gente ainda acha que é coisa de maluco, coisa de gente fresca e rica. Mas não, hoje em dia a terapia é acessível a todo mundo, quem quiser fazer, pode fazer. A psicoterapia está acessível para todos.
Quais as opções que temos?
Para quem tem condições de pagar, pode ir a um psicólogo particular. Você pode encontrar pela internet mesmo, no Google, no Facebook (páginas e grupos de psicólogos), em sites como Doctoralia, Mundo psicólogos, dentre outros (nesses sites você pode ver avaliações também dos profissionais).
O valor da psicoterapia varia de acordo com a região e a qualificação do profissional. Uma opção para quem não pode arcar com os valores cheios da sessão particular é tentar negociar o valor para que o tratamento se torne possível.
Existem também muitos profissionais ou instituições que fazem valores diferenciados para garantir o acesso a esse importante acompanhamento para todos, independentemente, das condições financeiras.
Esses profissionais costumam cobrar um valor, chamado, de social, que quer dizer que o valor da sessão vai tentar ser compatível com as condições socioeconômicas de quem busca o tratamento.
Alguns lugares que costumam oferecer o acompanhamento psicológico por valores sociais são as clínicas escolas, por exemplo as faculdades, universidades ou centros de formação, algumas instituições ou institutos de psicologia e clínicas ou profissionais particulares compromissados com a sociedade e atentos às diferentes possibilidades econômicas de nosso país. O valor social é aquele que está abaixo do indicado pelo Conselho Federal de Psicologia e varia de instituição/profissional para instituição/profissional, considerando a realidade de quem busca pelo atendimento, por isso, não é um valor fixo.
Existe ainda a opção de fazer psicoterapia pelo plano de saúde ou convênios, para quem tem essa possibilidade, ou tentar o reembolso nesses planos ou convênios. Pelo SUS também é possível buscar o encaminhamento no posto de saúde ou clínica da família ou UBS. E ainda é possível buscar os CREAS ou CRAS e se informar.
Como saber se preciso de terapia?
Eu particularmente acho que a terapia ajuda todo mundo. Mas, ela é mais importante para pessoas que sofrem de quaisquer transtornos, quem está passando por momentos difíceis, quem não está conseguindo lidar com alguma situação, ou que está tendo crises de ansiedade, dentre outras circunstâncias.
Ela ajuda quem não está conseguindo fazer as suas coisas normalmente, quem quer mudar alguma coisa em si ou na sua vida, quem está mais estressado, quem tem vícios, quem tem traumas, dentre outras tantas situações. Mas você pode fazer só para se conhecer mais ou melhorar alguma coisa em você. Não precisa ter algo grave para isso. Também não precisa se sentir fraco ou fresco por procurar ajuda.
Sofrimento psíquico é algo muito importante! Quem busca ajuda é corajoso e não fraco. Querer mudar e admitir precisar de ajuda é ser forte e corajoso! Ninguém precisa e nem consegue ser forte o tempo inteiro. E os outros não precisam saber que você está fazendo terapia também, se você não quiser.
Para os pais: também alguns adolescentes entraram em contato comigo falando que precisavam de terapia, alguns queriam até se matar, e falavam que os pais não queriam levar ao psicólogo.
Eu vejo muito as pessoas fazendo pouco caso do que as crianças e adolescente expressam. Muitos falam “isso é coisa de adolescente, é fase, vai passar…”, como se fosse besteira. Pode ser besteira para você, mas não quer dizer que é besteira para o outro. Ninguém sabe o que o outro está sentindo.
Se a pessoa fala que está sofrendo, se ela se corta, quer se matar, é porque ela está sofrendo mesmo, não é só para chamar atenção, mesmo que sejam crianças ou adolescentes. Quando se deslegitima o sofrimento de alguém, geramos mais sofrimento ainda.
Conclusão
Então, pais, escutem o que os seus filhos (e os outros) têm a dizer. Se seu filho te pede para levá-lo a um psicólogo, leve. Se você sente, percebe ou intui que a psicoterapia poderia ajudá-los, busque por esse auxílio.
Às vezes, as crianças ou adolescentes não conseguem falar o que o está afligindo, a terapia pode ajudar nisso também. A terapia pode favorecer e propiciar o diálogo entre pais e filhos, é possível falar o que não conseguia ser dito antes, com o suporte do psicólogo ou da psicoterapia. Resumindo, nossa saúde mental é muito importante!
Cuide de você, tenha um tempo para você. Vejo que a saúde física é muito mais valorizada do que a mental, mas a mental também pode causar doenças físicas. Não deixe chegar ao limite para procurar ajuda, procure por um psicólogo, assim que perceber a necessidade ou o desejo.
A psicoterapia está mais próxima e mais acessível do que você imaginava!
A psicoterapia on-line veio para facilitar o acesso também de muitas pessoas à psicoterapia, assim fica ainda mais possível achar o profissional com o qual você se identifique ou que seja especializado nas suas necessidades, independente de onde ele e você estejam.
Por: Milena Puga Araujo (psicóloga clínica, gestalt-terapeuta, especializanda em psicologia hospitalar e da saúde, terapeuta de casal e família e psicóloga perinatal e da parentalidade).
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